E agora? Como as marcas brasileiras podem lidar com o desmatamento na Amazônia

Tendências / Sustentabilidade
LeoFFreitas
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Federico Roales
mar. 17, 2023
A Floresta Amazônica tem sido muitas vezes referida como “o pulmão da Terra” por causa da quantidade de dióxido de carbono que absorve (mais de 2 bilhões de toneladas)1 e seu papel essencial na manutenção da função climática, não apenas regional, mas também global. Na realidade, as árvores da Amazônia liberam cerca de 20 bilhões de toneladas de água2 na atmosfera diariamente, estabilizando os ciclos da água.

Apesar de sua importância, a situação atual é bastante alarmante: nos últimos quatro anos, o Brasil foi responsável pela maior destruição dos últimos 34 anos3, atingindo um aumento de 60% nas taxas de desmatamento da Amazônia. Órgãos ambientais foram desmantelados4 e orçamentos para operações de combate a crimes ambientais foram cortados, permitindo que os incêndios florestais saiam do controle.

Não apenas as ONGs alertaram sobre a proximidade de um ponto de inflexão irreversível, mas também os consumidores brasileiros expressaram sua preocupação com a grave situação ambiental: de acordo com nossa pesquisa de consumo do VisualGPS, 3 em cada 5 brasileiros acham que o planeta ficará inabitável em breve devido as mudanças climáticas, e 7 em 10 afirmaram que o aquecimento global logo se tornará um problema maior.
As empresas brasileiras podem responder ao desmatamento
Então, o que está acontecendo entre as empresas brasileiras? Em primeiro lugar, elas parecem reconhecer a escala da atual crise climática. Em 2022, na iStock, o termo “Amazônia” teve tantas pesquisas feitas por clientes no Brasil quanto “Copa do Mundo”, enquanto as pesquisas por “Floresta Amazônica” quase dobraram em relação a 2021. Contudo, os números de downloads não combinam. Temas de conservação sustentável representam apenas 3% dos visuais mais usados no Brasil. Mas a principal deficiência é que as empresas insistem na ideia desgastada de promover uma vida “sustentável” por meio de imagens conceituais de pessoas segurando plantas que simbolizam a preocupação com o futuro do planeta. Quando há um desastre ecológico tão grande acontecendo bem no seu quintal, as empresas brasileiras podem selecionar imagens que representem seus esforços para abordar a questão específica do desmatamento na Amazônia.
Alternativas de energia renovável
No entanto, os holofotes agora estão voltados para alternativas energéticas sustentáveis: à medida que aumenta a conscientização sobre a limitação dos recursos naturais, as empresas estão interessadas em promover visuais de energia ecologicamente corretos. As pesquisas por “energia solar”, “painel solar”, “energia verde” ou “energia renovável” também aumentaram consideravelmente em 2022 entre os clientes brasileiros da iStock. Vale ressaltar que atualmente a capacidade brasileira de gerar energia renovável é duas vezes maior que a média mundial5.

No entanto, esse interesse por alternativas energéticas sustentáveis não é representado com precisão pelos visuais dos clientes brasileiros. As histórias visuais geralmente apresentam jovens envolvidos em práticas ecológicas, deixando de lado os adultos mais velhos. E, em vez de mostrar contribuições diárias para cuidar do meio ambiente, como a reciclagem de garrafas plásticas ou a mudança para energia interna ecologicamente correta, as empresas também estão escolhendo imagens conceituais abstratas para representar a energia. A partir de agora, o poder tangível de uma garrafa reutilizável ou de uma lâmpada de LED são imagens mais fortes do que a imagem abstrata de uma muda em crescimento.

Então, o que as marcas podem fazer? Para começar, envolva‑se e passe do discurso à ação. De acordo com nossa pesquisa de consumo VisualGPS, os consumidores brasileiros preferem que as empresas usem embalagens sustentáveis, práticas de fabricação limpas e também eduquem as pessoas sobre as melhores práticas para minimizar seu impacto no meio ambiente. Declarações que defendem a conscientização ambiental serão inúteis se não forem seguidas por narrativas visuais concretas, que podem ajudar a dar o exemplo.
Fontes
[1][2], WWF, 2022.
[3][4], Mongabay, 2022.
[5] Governo Brasileiro, 2022

Ecoturismo na América Latina