Uso da tecnologia entre idosos no Brasil

Tendências / Tecnologia
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Federico Roales
abr. 30, 2022
Na última década, a integração digital tem ganhado destaque no Brasil. Com a tecnologia tomando cada vez mais espaço no dia a dia, estado, empresas e as organizações da sociedade civil estão procurando garantir a democratização do acesso aos dispositivos digitais. No entanto, apesar do fato da digitalização ter alcançado uma grande parte do planeta, ainda existe uma crença persistente de que adultos mais velhos, devido a desigualdade geracional, não interagem frequentemente com os dispositivos tecnológicos. Na Getty Images, essa tendência se reflete na representação visual da tecnologia: apenas 5% das imagens relacionadas a tecnologia no Brasil mostravam adultos mais velhos (de 60 anos ou mais), e 10% mostravam adultos maduros (com idade de 40 a 59 anos). Em vez disso, pesquisas e downloads populares do público brasileiros concentradas mais em idosos, mostram eles, principalmente, em ambientes médicos, o que passa a mensagem de que idosos não costumam participar de nossa era digital.
No entanto, o preconceito com o envelhecimento nas imagens não condiz com os consumidores idosos do Brasil: de acordo com o VisualGPS, 9 a cada 10 adultos idosos se sente animado com o impacto da tecnologia em suas vidas, e 69% afirmaram que se sentem empoderados pela tecnologia disponibilizada a eles. Mesmo assim, o preconceito é notável: os idosos são a faixa etária que mais sofre o viés de idade. 80% afirmaram que já se sentiram vistos como “muito velho” e 31% afirmaram que já se sentiram como “não contemporâneos o bastante.”

Por que é importante reconhecer o preconceito? Com frequência, nossas percepções se afastam da realidade: uma pesquisa recente afirma que 93% dos adultos com idade entre 60 e 70 anos usam smartphones diariamente1. Os adultos idosos foram a faixa etária que mais usou a internet em uma comparação de ano a ano.2 Além disso, no Brasil de hoje, 30% dos novos usuários de internet têm 60 anos ou mais3.
Dados indicam que brasileiros de quase todas as faixas etárias já estão interagindo com dispositivos tecnológicos por meio de formatos diferentes (como smartphones, laptop, tablets, aplicativos de pagamento digital, etc.) Sendo assim, é essencial refletir sobre nossas escolhas visuais relacionadas a adultos idosos: em qual contexto estamos retratando eles? Estamos promovendo narrativas que os mostram ativamente envolvidos com a tecnologia por conta própria, sem ajuda? Estamos mostrando imagens relacionadas à tecnologia incluindo adultos em diferentes intersecções de identidade, como etnia, classe social, deficiência, orientação sexual ou identidade de gênero? Dessa forma, poderemos ampliar o escopo de representação e garantir que retratamos os idosos tão integrados ao ecossistema digital quanto o restante das faixas etárias.
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