Heróis discretos: Sustentabilidade na América Latina

Quando nos referimos à sustentabilidade, o foco costuma ficar nos compromissos de grandes empresas e governos, enquanto as práticas individuais não são muito bem refletidas ou respeitadas o suficiente. Apesar de os consumidores acreditarem que o nível de responsabilidade não é o mesmo, para criar um futuro sustentável, também é necessário que as pessoas adotem atitudes em relação ao cuidado ambiental em seu dia a dia. Isso pode estar alinhado com a percepção do consumidor: menos da metade dos consumidores latino‑americanos acreditam que seus países fizeram muito progresso em relação à sustentabilidade, mas 84% acreditam que eles progrediram de modo pessoal em relação a levar um estilo de vida mais sustentável, de acordo com a pesquisa do Visual GPS. 

Algumas práticas que mostram que os cidadãos estão dispostos a desempenhar um papel de liderança na evolução sustentável por meio de ações diárias têm se tornado popular. Plogging¹ é uma tendência que começou em Estocolmo, Suécia, e está gerando cada vez mais seguidores por toda a América Latina. Esse “esporte” consiste em uma pessoa pegar lixos encontrados na rua enquanto sai para correr, como se fossem obstáculos que aumentam um pouco a dificuldade do exercício físico.²

O plogging merece nossa atenção, porque pode derrubar dois grandes mitos relacionados às práticas sustentáveis. De acordo com nossa pesquisa do Visual GPS, quase 4 a cada 10 consumidores da América Latina acreditam que praticar hábitos sustentáveis é caro e trabalhoso. Isso não acontece com o plogging. Você precisa apenas de uma sacola para recolher o lixo enquanto corre, ajudando o meio ambiente enquanto busca o bem‑estar pessoal. Corpo e natureza, senso individual e comunitário interligados.

No entanto, existem outras práticas sustentáveis que se tornaram populares recentemente nas cidades da América Latina, sempre compartilhando um padrão comum: ações coletivas de indivíduos que promovem um benefício ambiental para o planeta, como jardins comunitários, hortas caseiras, coleta de lixo em áreas naturais ou plantio de árvores. Esse interesse cada vez maior em práticas individuais sustentáveis também se reflete nos termos de busca cada vez mais recorrentes da Getty Images: “sustentabilidade” (+352%), “reciclagem” (+179%) e “compostagem” (+270%) têm aumentado no último ano entre nossos clientes da América Latina.

Então, quais são as implicações visuais relacionadas as práticas sustentáveis? Como podemos comunicá‑las, e qual papel as marcas desempenham em sua promoção? Devemos lembrar que 1 a cada 2 consumidores latino‑americanos acreditam que as empresas devem educar as pessoas em relação a melhores práticas de sustentabilidade. Além disso, quase 2 a cada 3 (65%) expressaram sua irritabilidade ao ver imagens em anúncios de uma marca ou em comunicações que não sejam ambientalmente conscientes (como canudos de plástico ou copos de café descartáveis). Assim, o modo mais eficiente de uma empresa comunicar seu compromisso com o meio ambiente é por meio de sua comunicação visual. Além disso, um segmento (ainda pequeno, mas com a probabilidade de crescer nos próximos anos) está começando a mudar suas decisões de compra com base no compromisso das empresas com o meio ambiente: 21% dos consumidores da América Latina declararam que eles só compram produtos de marcas que tentam ser eco‑friendly.

Há uma prática muito frequente promovida por empresas no que diz respeito a comunicar seu compromisso ambiental: elas costumam usar imagens abstratas e futuristas que são artificialmente retocadas ou mostram paisagens naturais com tons verdes. Nesse sentido, as práticas acima mencionadas oferecem uma lição básica: os protagonistas da revolução sustentável são as pessoas comuns, que incentivam e inspiram as pessoas a cuidar do meio ambiente por meio de suas práticas. Uma abordagem apropriada os mostrariam como os protagonistas da transformação do planeta no qual vivemos, principalmente por meio de ações do dia a dia.