Cultura local na América Latina

Tendências / Autenticidade
Morsa Images
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Federico Roales
fev. 11, 2022
Escritórios, locais de trabalho ao ar livre, salas de estar luminosas e espaçosas, espaços neutros. Marc Augé os chamou de "não lugares": espaços que não têm identidade, onde os seres humanos podem parecer anônimos ou até mesmo substituíveis. Aeroportos e shoppings são os principais exemplos desses lugares. As imagens que você usa com mais frequência têm essa característica? Para garantir que nossos clientes se identifiquem com as histórias visuais que promovemos, é essencial conseguir representar de modo adequado a cultura local de cada mercado. Uma boa estratégia de diversidade e inclusão também implica ampliar o espectro de representação da cultura de cada país, suas tradições, suas festividades, suas cores, seus tons e até mesmo suas texturas.
Quando olhamos para as imagens mais populares usadas na América Latina, vemos poucas referências àquelas tradições regionais. Acima de tudo, as pessoas são mostradas em ambientes neutros sem decoração ou em espaços abertos que não transmitam marcos culturais ou sinais de pertencimento que promovam a identificação. Por exemplo, mate é uma das infusões mais populares na Argentina. Pesquisas recentes mostram que quase 8 em cada 10 argentinos bebem mate pelo menos uma vez por mês1. É muito comum ver pessoas bebendo mate em escritórios, em salas de universidades e também em parques públicos. No entanto, menos de 1% das imagens mais populares na Argentina mostrava pessoas bebendo mate. Observamos um padrão parecido nas imagens mexicanas: tacos, o prato de rua mexicano famoso no mundo todo aparece em menos de 1% das imagens mais populares de comida usada no México. Ou mesmo com o futebol, o esporte mais popular em toda a região: menos de 1% das imagens mais populares na América Latina mostram pessoas jogando futebol.
Essa falta de conteúdo local culturalmente enraizado nos convida a repensar quais imagens estão sendo usadas e qual mensagem queremos passar com as histórias visuais. Imagens que mostram “não lugares” têm a intenção de mostrar um estilo de vida aspiracional. No entanto, precisamos ter em mente que a América Latina tem um dos índices mais altos de pessoas que se reconhecem como classe‑média no mundo. Mais de 70% dos latinoamericanos2 acreditam que são de classe média. Nesse sentido, mostrar histórias visuais apenas de históricos abastados prejudica a identificação.
Para abordar essa questão, devemos analisar o conteúdo que apresentamos que representa a sociedade que queremos alcançar. Ao escolher imagens, pergunte a si mesmo:
  • As imagens que escolhemos costumam ser genéricas ou elas parecem específicas para a América Latina?
  • Elas incluem algum ponto local que facilite a identificação?
  • As pessoas de nossas histórias visuais "parecem locais”?
  • Você tem procurado imagens que realmente foram feitas na América Latina?
  • Estamos incluindo tradições populares da América Latina em nossas narrativas visuais (a comida de rua, a paixão pelos esportes, as infusões típicas, a decoração colorida de nossos ambientes)?
Inclusão de vários tipos de pele